Sonhos Traídos - 7 de dezembro de 2015

7 dez 2015

Quatro irmãs solteiras, filhas de António Garrido, um rico empresário português de 65 anos que se estabeleceu há longos anos na Venezuela, onde tem interesses na extracção de diamantes.

A história começa na Venezuela, na época actual. Luísa, Susana, Zé e Benedita esperam o pai, quando ouvem a notícia no telejornal: uma tremenda explosão numa mina, deixou soterradas algumas dezenas de mineiros e o proprietário, o português António Garrido. A notícia da sua morte confirma-se com o passar dos dias e as operações de salvamento terminam.. No entanto, o corpo de António nunca foi encontrado.

As quatro irmãs dependem agora exclusivamente de si mesmas. Dos negócios do pai pouco sabiam. António sempre fora um homem fechado e enigmático, características que se acentuaram com a morte da mulher. Tinha longas ausências, sempre explicadas pelas viagens de negócios à Europa e aos Estados Unidos. A mina de diamantes, a sua principal fonte de rendimentos, ficou destruída com a explosão. Da fortuna que se supunha possuir, nada resta. Os advogados explicam que todo o dinheiro teria sido investido em negócios, entretanto comprometidos pela instável situação no país e pelas últimas grandes cheias, que arruinaram a produção agrícola. António deixou atrás de si empresas falidas, um monte de dívidas e quatro filhas abandonadas à sua sorte.

A situação na Venezuela está complicada, é difícil arranjar emprego, sobretudo para quem, como as quatro irmãs, nada sabe fazer. Até agora, nunca tinham precisado de trabalhar. A própria casa deixam de a conseguir manter, pois está hipotecada. Sem dinheiro e sem apoios, as quatro irmãs sentem-se perdidas e a terra onde nasceram já não as quer.

No meio do desespero, é uma herança esquecida que aparece como salvação. É uma velha casa no Bairro Stº António, um bairro típico, em Lisboa, que ficou na família após a morte de uma tia solteira, irmã da mãe. Ninguém faz ideia de como será Portugal, ou Lisboa, muito menos o Bairro Stº António.

Partir não é uma decisão fácil. Nada as liga a Portugal. Não têm lá família próxima, nem conhecem o país. Luísa terá que deixar Miguel. O estado de saúde de Benedita desaconselha mudanças bruscas. Susana, que nunca gostou da Venezuela, acha que Portugal é uma terra sem oportunidades e advoga a escolha de outro destino. Só Zé como sempre, está disposta a partir à descoberta de uma vida nova.

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