Cinco desconhecidos partem juntos para combater em Kiev. Vão numa ambulância doada pelos bombeiros portugueses

5 mar 2022

Já são mais de um milhão os ucranianos que fugiram da guerra que devastou a Ucrânia na última semana. São sobretudo mulheres e crianças. Mas há quem faça a viagem no sentido contrário, para defender o seu país.

Até hoje, estes cinco ucranianos a viver em Portugal não se conheciam. A invasão da Ucrânia cruzou os seus destinos. Partem, juntos, rumo à capital Kiev para ajudar a defender o seu país das tropas russas.

Vão numa ambulância cedida pelos bombeiros de Freamunde, através da Liga de Bombeiros Portugueses, que será entregue aos bombeiros ucranianos. O espaço é calculado ao milímetro para que caibam cinco pessoas e o máximo de material que conseguiram juntar. Equipamento médico, telemóveis, pilhas, rádios de longa distância, power-banks, etc. Tudo isto faz falta aos civis que combatem de forma voluntária. “O governo dá só Kalashnikov e cartuxos, mais nada”, explica Petro Stepanski, o único do grupo com experiência militar. Esteve no Afeganistão e em Chernobyl, depois da catástrofe nuclear. 

Cinco ucranianos a viver em Portugal que vão voltar à Ucrânia para combater (Imagem: Helena Lins)

Petro vai defender a pátria e a sua filha, grávida, que está em Bucha, nos arredores de Kiev. A História já lhe mostrou do que o presidente russo, Vladimir Putin, é capaz: “Ele queria primeiro ocupar Kiev, porque é a capital da Ucrânia. Se ele não conseguir, pode bombardear com bombas de avião. Isto é muito perigoso porque na Chechénia ele destruiu a capital Grozny. Destruiu mesmo, destruiu tudo. Este idiota é capaz de tudo”.

Petro Stepanets é veterano e quer defender a sua pátria (Imagem: Helena Lins)

Roman Khoma é o mais novo do grupo. Com 28 anos, vai juntar-se ao irmão que já lá está à espera de ser chamado para a linha da frente. Para trás deixa os dois irmãos mais novos e a mãe, Iryna.

“Neste momento todos nós temos que ter uma coragem enorme e uma fé para o futuro que tudo vai correr bem. Não temos de deixar as lágrimas cair nem enfraquecer-nos, pelo contrário. Força que esta guerra vai ser a vitória total por parte da humanidade”. É com estas palavras otimistas que Iryna se despede do filho e dos demais. Querem defender não só a Ucrânia, mas também a Europa e o mundo. E querem voltar para Portugal, a sua segunda casa, onde deixam família e amigos. 

Roman Khoma deixa em Portugal a mãe e os dois irmãos mais novos (Imagem: Helena Lins)

À data desta reportagem, segundo Oleksii Reznikov, ministro da Defesa da Ucrânia, mais de 66 mil ucranianos a viver no estrangeiro já regressaram à Ucrânia para defender o país. Este grupo estima uma viagem de cerca de três dias, cientes de que a imprevisibilidade é grande. No momento da publicação deste artigo já tinham passado a capital francesa, Paris.

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