2 jul 2024
A extrema-direita nunca esteve tão perto de governar em França, ainda que tenha de fazê-lo em coabitação, ou seja, com um presidente de outra cor política. O candidato da RN (antiga Frente Nacional), Jordan Bardella, de 29 anos, conseguiu mais de 33% dos votos na primeira volta. No entanto, graças ao sistema eleitoral, os segundo e terceiro partidos mais votados, neste caso a união das esquerdas da Nova Frente Popular e o centro e centro-direita do Ensemble do presidente Macron, o processo vai ser complicado.
Isto porque, em mais de 300 circunscrições, há mais do que dois candidatos na segunda volta – na maior parte dos casos, são três. São as chamadas circunscrições triangulares, mais comuns do que o habitual este ano, graças à elevada participação (67%), que permitiu dispersar mais os votos. Há até circunscrições com cinco candidatos, o que torna complicado a eleição dos deputados. Para esta tendência contribuiu também este ano que qualquer candidato que tenha passado os 12,5% de votos tenha seguido para a segunda volta.
Ora, conhecidos os resultados, o candidato escolhido pela Nova Frente Popular, Jean-Luc Mélenchon, apelou a todos os integrantes da Nova Frente Popular (como A França Insubmissa, o Partido Socialista ou os Ecologistas) a “fazer tudo o possível para travar a chegada da extrema-direita ao poder.”
E assim foi. Foram eleitos 76 deputados na primeira volta e ficaram 499 por eleger. Até ao final da tarde de terça-feira, data limite para o registo ou mudança nas candidaturas, foram contabilizadas quase 130 desistências da esquerda e mais de 80 da coligação do presidente Macron e de Gabriel Attal, a Ensemble pour la Republique (Juntos pela República). O objetivo é cercar os candidatos da RN de Marine Le Pen e Jordan Bardella, de forma que só exista uma opção à extrema-direita, seja ela de uma força política integrante da NFP ou da coligação do Ensemble.
A RN fala num golpe de Estado constitucional por parte do presidente Emmanuel Macron e insiste numa maioria para Jodan Bardella.