"Não somos ninjas, fomos entrando": bastou a Bordalo II e à sua equipa vestirem um colete amarelo para furarem a segurança da JMJ e instalarem a "passadeira da vergonha" - o artista explica tudo à CNN Portugal

28 jul 2023

“Habemus pasta”: é desta forma que Bordalo ll, fazendo referência ao anúncio “habemus papam” - proferido a cada eleição papal - situa a Jornada Mundial da Juventude. "Pasta" podia ser mala, "pasta" podia ser uma massa italiana para degustar mas aqui "pasta" é massa de gastar, dinheiro.

O artista português criou um enorme tapete feito com notas de 500 euros e estendeu-o na escadaria do altar-palco onde o Papa vai estar em Lisboa. Bordalo II chama-lhe “caminhada da vergonha”.

O artista conta à CNN Portugal já tinha conhecimento do valor desta estrutura montada em Lisboa par ao Papa mas que só posteriormente começou a entender que “havia muitas verbas alocadas”. “Os valores começaram a escalar estupidamente e nós, como cidadãos, a única coisa que temos a fazer é poder refilar um bocadinho e refilar.”

Garante que não tem nada contra a Jornada Mundial da Juventude, mas fundamenta a intervenção artística com o argumento de que “a forma como isto está a ser feito é muito injusta para a população, neste momento”.

“Provavelmente não seria necessário estar a usar o dinheiro dos contribuintes para o Vaticano. Nem toda a gente é obrigada a aceitar aquele festival e a fazer parte do investimento.”

Depois da publicação das fotografias que se tornaram virais nas redes sociais, várias foram as reações, entre as quais o destaque ao retorno económico do evento. “Aí é que fica a dúvida”, declara. “O que é um retorno económico? Termos um negócio e fazermos dinheiro durante uma semana ou termos, a médio e longo prazo, uma estrutura social num país que funciona para os nossos filhos terem mais e melhores condições, em que os professores são bem tratados para darem uma boa educação aos nossos filhos, em que, quando eles quiserem ir para a faculdade, conseguem ter uma casa numa cidade grande.”

A obra clandestina foi montada pelo artista e pela equipa, que se disfarçaram de trabalhadores da JMJ no Parque Tejo. Um dos elementos da equipa, João Sobral, diz que "o que aconteceu ontem não foi vandalismo nem invasão", mas sim "uma peça de arte, um tapete amovível que foi transportado até um local público que tinha os acessos abertos a qualquer um".

Já Bordalo ll explica à CNN que, inicialmente, o grupo tinha uma ideia “um pouco utópica” da forma como o tapete seria estendido. “Era fixe ter aquilo perto do palco e fomos ver, mas achámos sempre que não seria possível”, relata. “À medida que fomos percebendo que era fácil, fomos entrando. O nosso objetivo era tirar uma fotografia do tapete em que pelo menos se visse o palco ao fundo.”

Foram caminhando e caminhando sem serem questionados. Eis que chegaram a “um sítio perfeito”, onde se mantiveram cerca de cinco minutos, envergando uma indumentária de trabalhador. “Sem o colete amarelo, se calhar não seria parado, mas se calhar também não ia com o mesmo a vontade.”

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