Lucinda Batanete, vinte anos emigrada na Alemanha, está de regresso ao Samouco com os seus dois filhos, Carla e Hugo. Os pais reformaram-se há muito e foram viver para Trás-os-Montes. Na vila natal de Lucinda continua a viver o irmão Toninho, agora agente da PSP, como o pai foi. Casou com Bé, cabeleireira, que ficou à frente do estabelecimento outrora de Fifi.
Ficaram também com a casa dos pais Batanete que, a partir de agora, terão de partilhar com Lucinda. Palmira, tia dos dois, uma star retirada dos palcos, regressou com Lucinda ao Samouco, instalou-se na melhor casa da vila, mas não a quer partilhar. A janela da sua casa é o seu palco, e daí comenta as atualidades do distrito, do país e do mundo.
Num dia diz poesia, no dia seguinte insulta quem passa. Uma mulher livre, do seu tempo, com o dom da palavra e com uma paixão inveterada por seres humanos, em particular por belos homens. A tasca, agora gerida por Mary, a ex-mulher de Bruno, continua a ser, a par do minimercado, o centro nevrálgico da vila. Mary passa muito tempo na conversa com as suas amigas – Olga, a dona do minimercado internacional e Eduarda, a assistente do médico que, ali ou no minimercado, cortam na casaca e comentam as novidades samouquenses.
Não suportam Viriato, um homem sempre impecavelmente fardado de piloto aviador, com uma imaginação prodigiosa e grande carência afetiva. É o cliente número 1 da tasca que, hoje, considera o seu centro de operações. Fábio é o empregado da tasca e marido de Mary. Foi um trato que fizeram, um acordo que não impede Fábio de amar Toninho, apesar deste não demonstrar sentimentos amorosos por ele. E a propósito de sentimentos, há que dizer que Olga, que além de dona do minimercado, é maestrina da banda, gosta de Toninho, que toca trombone, mas Carla está atenta. Todos sofrem com falta de amor. Parece que esse nobre sentimento não se dá com o clima local que levou as mulheres samouquenses a apaixonar-se pelo padre Jacinto, um rapaz negro, lindíssimo e muito tímido.
Com o calor, elas atacam mais despudoradas e ele esconde-se onde pode, mas nunca está a salvo. Nem na escola, que continua a ser dirigida pela inefável professora Alice, a par com o doutor Salzedas, uma das mais importantes figuras da localidade.