Santa Casa vai mesmo perder dinheiro (e muito). Instituição reserva milhões para perdas de processos judiciais

14 mai 2024

O passivo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) subiu 31% em apenas um ano. A conclusão está no relatório e contas de 2023 a que a CNN Portugal teve acesso.

O relatório, à espera de ser aprovado pelo novo Governo, confirma "importantes debilidades" nas finanças da Santa Casa. 

A meio do ano passado chegou mesmo a existir um cenário de "provável ruptura de tesouraria", tendo sido preciso encontrar dinheiro de forma urgente para responder a "compromissos inadiáveis" como o pagamento de salários.

As contas da SCML só não fecharam no vermelho porque a instituição reclamou o pagamento de uma dívida antiga por parte da Segurança Social, do tempo da pandemia, que o governo de António Costa acabou por aceitar pagar. 

Mesmo assim, o passivo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa cresceu 31% em apenas um ano, passando de 80,7 milhões de euros em 2022 para 106,1 milhões de euros em 2023.

Além da habitual dívida presente nas contas, o passivo da SCML foi impulsionado, em grande parte, em 2023, por uma rubrica: as chamadas provisões aumentaram cerca de 17 milhões de euros. 

As provisões têm de estar previstas nas contas para a perda de processos em tribunal, numa altura em que o fim do processo de internacionalização do negócio dos jogos se arrisca a provocar vários casos judiciais contra a SCML, que deixou um rasto de queixas e dívidas no estrangeiro. 

A ainda provedora, Ana Jorge, recentemente demitida pelo Governo, bem como a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, vão esta quarta-feira à Assembleia da República dar explicações sobre a situação da  Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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